terça-feira, 4 de maio de 2010

03


        O Dr. Tufik vai ajudar aquele pai e filho sem lar. Ele, branco, alto, cabelos e barba grisalhos por fazer (há pelo menos uns três meses). O filho, uns nove anos, cabelos lisos castanhos. Estão na rua daquele bairro periférico. No meio da rua. Um pouco mais atrás, o Dr. André observa a movimentação. O pai, aparentemente embreagado, fala alto e gesticula, chuta uma bola sem direção, enquanto o Dr. Tufik com um sorriso de bondade tenta acalmá-lo. O filho olha indiferente e sai pela rua logo atrás à esquerda, seguido pelo seu pai depois de alguns segundos. Saio e volto para casa. É o começo da noite. A casa tem fachada estreita. A entrada possui duas portas, que dão para a rua. A primeira, grades de ferro. A segunda, de madeira, com uma janelinha. Móveis, prateleiras, racks, objetos diversos, livros tomam o cômodo mal iluminado e desorganizado. Divido a moradia com o Paschoal e dois colegas, sendo um deles gay. O colega gay, de toalha amarrada na cintura, acabara de sair do banho. Causou-me certo desconforto, pois o que pensarão de mim se me virem sozinho com um gay semi-nu. Ele me disse que o melhor para desestressar é dar "uminha". Falou isso sem segundas intenções para comigo, mas em tom de conselho. Ele usara da técnica desestressante há pouco. Eu respondi concordando com ar de virilidade excessivo. Ele estava no cômodo três lances de escada abaixo, que era uma garagem adaptada em algo parecido com uma sala e quarto também desorganizados. O Paschoal chegou.

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