O presidente do Senado está no litoral. Eu e um grupo de pessoas, creio que em sua maioria senhoras, aguardamos sua chegada em frente ao portão da casa. Não entendo porque estamos esperando por alguém tão malvisto pela sociedade. As senhoras têm em mãos rosas cor-de-rosas para entregar-lhe. Minha tia Dolores dá-me uma para que eu também a entregue. A flor tem espinhos, é incômodo segurá-la. Tento removê-los, mas me machucam. Então, desisto. O presidente se aproxima. Caminha mancando, apoiado em sua senhora. É mais velho do que eu imaginava. Seus cabelos são branquinhos e desgrenhados. As roupas, simples. Calça de moletom e camisa social. As mulheres chegam mais perto para a entrega das rosas. Numa última vã tentativa, tento a remoção dos espinhos. Antes de entregar-lhe, aviso-o para que tenha cuidado com eles. Por um breve momento, humanizei sua figura e tive compaixão por ela.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
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