O leão sem juba se aproxima e me diz com voz quente e ameaçadora: "se cair na minha cela, tu tá fudido...". Termina o julgamento. Sou conduzido pelos guardas a uma das jaulas. À porta, circunda, ansioso, o pérfido felino. Temo pelo aproximar de minha morte. Baratinadamente, ele tenta entrar, mas os guardas frustram suas tentativas. Fecham as grades. Corre em meu peito uma sensação de alívio. Da terceira jaula, o leão sem juba, deitado sobre suas patas, mira-me fixamente com um olhar carregado de ódio.
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
16
Algo estranho está acontecendo. O pânico está instaurado e não apenas em nós. Saímos correndo o mais rápido que podemos do aeroporto. Já sobre a passarela, como que pressentindo algo, nos voltamos para trás e vemos uma aeronave que desce aceleradamente em direção ao solo. Explosão, fogo e medo. Nos abaixamos enquanto destroços sobrevoam nossas cabeças. Novas explosões são ouvidas, longe e perto. Abro os olhos e noto o clima da cidade mais cinza... Susto. Algo parecido com um míssil cai próximo a nós. Meu coração bate acelerado. Apesar do temor, juntos erguemos o pesado objeto e o arremessamos para fora da passarela. Observo sua queda... seu fogo... sua estrondosa destruição. Prédio casas rua pessoas, o que estava aqui, abaixo dos meus olhos, é, agora, apenas fogo, fragmento, dor e culpa.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
10
O Netto está machucado. A porrada parece ter sido forte. O lado esquerdo do rosto está quebrado, afundado, mole. Sua mente sabe de quem é a culpa. Destino de quem usa crack.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
06
O prédio, o apartamento da minha tia Néia na Praia Grande. Eu espero, para descer, o elevador, com o Marcelo. Na sala, eu, a Gabi, a Sushi e um gafanhoto dos grandes, bege, de cabeça redonda, calvo, nariz-de-batata, feições humanas. Como uma montagem em computação gráfica. Ele não é bom. Saltita de um lado para o outro com uma expressão estática, sem esboçar emoção, enquanto a Sushi, em sua plenitude felina, tenta capturá-lo. Com o fim de eliminar a criatura, arremesso fios de arame firmes e pontiagudos contra aquele ortóptero saltador, que se esquiva habilmente. Em meio à luta, noto um pequeno furo no olho esquerdo da gata jorrando um sangue fino e claro. O desespero, o pavor, o arrependimento, a culpa me consomem. Saio em disparada sem direção, aos prantos e berros, fugindo dos sentimentos. Em frente ao posto Esso da Avenida dos Estados, no Bairro de Santa Terezinha, em Santo André, paro ofegante e puno-me em pensamento por mais um erro cometido.
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