quarta-feira, 19 de maio de 2010

06

        O prédio, o apartamento da minha tia Néia na Praia Grande. Eu espero, para descer, o elevador, com o Marcelo. Na sala, eu, a Gabi, a Sushi e um gafanhoto dos grandes, bege, de cabeça redonda, calvo, nariz-de-batata, feições humanas. Como uma montagem em computação gráfica. Ele não é bom. Saltita de um lado para o outro com uma expressão estática, sem esboçar emoção, enquanto a Sushi, em sua plenitude felina, tenta capturá-lo. Com o fim de eliminar a criatura, arremesso fios de arame firmes e pontiagudos contra aquele ortóptero saltador, que se esquiva habilmente. Em meio à luta, noto um pequeno furo no olho esquerdo da gata jorrando um sangue fino e claro. O desespero, o pavor, o arrependimento, a culpa me consomem. Saio em disparada sem direção, aos prantos e berros, fugindo dos sentimentos. Em frente ao posto Esso da Avenida dos Estados, no Bairro de Santa Terezinha, em Santo André, paro ofegante e puno-me em pensamento por mais um erro cometido.

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