sexta-feira, 5 de julho de 2013

25

        Sentado ao balcão, como meu pão com carne e ovo insosso e bebo minha cerveja nem tão gelada. Ele, gordo, chega agitado com um prato onde dois rissoles repousam sobre um guardanapo engordurado e senta ao meu lado, dois bancos à direita. Devora os salgados em quatro ou cinco mordidas. Olha para os lados, para mim. Finjo que não percebo. Olha para os lados, para mim. Finjo que não percebo. Olho para ele, ele para o outro lado, nervoso. Completo meu copo, que espuma. Dou um gole que levemente me trava a goela. Ele, rápido e desajeitado, arranca meu iPod, que ouvia pensando no prazer da solidão daquele momento. Sai apressado em direção à porta. Quebro a garrafa no balcão e a lanço em suas costas. Barulho estalado, gostoso. Sua bochecha se abre como massinha no piso frio e sujo. Naquele ponto de suas costas, onde repousa tranquilo o pedaço da garrafa, brota um círculo irregular de sangue e banha.

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